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O restaurante Coco Bambu, no Lago Sul, em Brasília, tem como especialidade os frutos do mar é um dos preferidos dos deputados (Divulgação) |
O aquecido mercado
da gastronomia em Brasília tem atraído para a capital federal grifes
paulistanas de restaurantes, como o Rubayat e o Gero, do grupo Fasano.
Entre a clientela habitual, estão parlamentares, que têm direito a
custear as refeições com dinheiro público. Um levantamento feito pelo
jornal Estado de São Paulo mostra que o Senado tem reembolsado contas
que chegam a ultrapassar 7.000 reais.
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Restaurante Coco Bambu, parte interna |
O senador Cássio
Cunha Lima (PSDB-PB) é um dos que recorreu a essa prática. Em homenagem a
seu pai, o parlamentar levou amigos e parentes para jantar no Porcão,
uma das mais caras churrascarias de Brasília, que oferece rodízio a 105
reais por pessoa — e apresentou a conta ao Senado. A nota apresentada
pelo senador para ressarcimento indica que o jantar custou aos cofres
públicos 7.567,60 reais.
No mesmo dia do
jantar, o plenário do Senado foi palco de uma homenagem ao pai do
parlamentar, o ex-senador e ex-governador da Paraíba Ronaldo Cunha Lima,
falecido em julho de 2012. Parentes, amigos e colegas do senador vieram
a Brasília para participar do evento.
O ex-governador
Cunha Lima ficou conhecido por ter disparado três tiros contra o seu
antecessor Tarcísio Burity em um restaurante da capital João Pessoa. Em
2007 renunciou ao cargo de deputado federal para não ser julgado pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) no processo. Morreu sem ser condenado.
Já o senador
Fernando Collor (PTB-AL) é um apreciador de comida japonesa. Neste ano, o
Senado reembolsou três contas no restaurante Kishimoto, cada uma delas
custando pelo menos 1.000 reais. A assessoria do parlamentar já veio a
público informar que os valores são usados para a alimentação dos
funcionários do gabinete, gasto que é permitido pelas normas do Senado.
Na Câmara, a
liderança do PSDB é campeã na apresentação desse tipo de nota. A
preferência é pelo restaurante Coco Bambu, rede especializada em frutos
do mar. Nos primeiros sete meses deste ano, foram 14 notas com valores
entre 1.280 e 2.950 reais. O valor total desembolsado pela Câmara nesse
caso foi de quase 27.000.
Procedimentos — Um
ato publicado pelo Senado em 2011 regulamenta os procedimentos para o
ressarcimento das despesas dos senadores, e estabelece a apresentação de
"nota fiscal ou nota fiscal eletrônica ou cupom fiscal original, em
primeira via, datada e com a completa discriminação da despesa, isenta
de rasuras, acréscimos, emendas ou entrelinhas, emitida em seu nome". Na
nota à qual o jornal teve acesso está escrito apenas "refeições".
A churrascaria em
que Cunha Lima ofereceu o jantar está entre as mais caras da capital
federal. No cardápio, estão disponíveis carnes nobres e exóticas, como
carne de avestruz. O cliente ainda pode optar por um buffet com pratos
quentes, saladas, massas, pizzas, risotos e comida japonesa.
Considerando um consumo aproximado de 200 reais por pessoa, incluindo
sucos ou refrigerantes e taxa de serviço, o valor apresentado na nota
seria suficiente para oferecer um jantar para 38 convidados.
O gabinete do
senador informou que o uso da cota parlamentar é feito da forma mais
transparente possível. Por iniciativa própria, todas as notas emitidas
pelo parlamentar estão disponíveis em seu site. Segundo a assessoria de
imprensa de Cunha Lima, o jantar ocorreu depois da sessão especial do
Senado e contou com a presença de "autoridades e parlamentares". Apesar
de não informar o número de convidados, o gabinete informou que "o
senador é extremamente criterioso com os gastos".
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PARTE EXTERNA DA CHURRASCARIA PORCÃO |
Questionada sobre a
ausência do consumo discriminado na nota, o que é exigido pela Casa, a
assessoria do parlamentar afirmou que "se o Senado referendou o
documento dessa forma, não cabe ao senador responder por isso". A nota
foi apresentada na época em que a secretaria responsável por esse
controle no Senado era comandada por outro diretor, que foi afastado do
cargo.
Mensalmente, cada
senador tem direito a gastar 15.000 reais mais o equivalente a cinco
passagens aéreas de ida e volta a seu Estado de origem, o que faz com
que o valor seja diferente para cada parlamentar. Cássio Cunha Lima pode
solicitar reembolso de 35.555,20 reais todos os meses.
O Senado informou
que não há regra que delimite o gasto específico com restaurantes. Se
quiser, o senador pode gastar até o valor total da cota com alimentação.
Divergência — Os
dados apresentados pelo Portal da Transparência do Senado indicam que a
Casa pagou 690,20 reais a mais pelo jantar, na comparação com a nota
arquivada na churrascaria. Um documento do restaurante, ao qual o jornal
também teve acesso, apresenta o valor de 6.877,40, reais, apesar de ter
o mesmo número de série daquele apresentado ao Senado, onde consta o
gasto de 7.567,60 reais.
No documento do
restaurante, contudo, é possível observar que o valor menor foi escrito
em cima do maior. Procurado, o Porcão informou que não adulterou a nota e
que a diferença pode estar nos 10% cobrados pelo serviço.
(Com Estadão Conteúdo)
E nós aqui comendo farinha seca...
ResponderExcluircom certeza e os deputados maranhenses devem fazer a mesma coisa e irem nos mesmos lugares
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