Folha de SP
O
Brasil hoje é um país caro, que perde capacidade exportadora e eleva
importações, uma conjuntura insustentável ao equilíbrio econômico do
país. Por isso, é fundamental aprofundar a discussão e as medidas para
elevar nossa produtividade.
Estudo do
Banco Mundial cobrindo 40 anos e 50 países mostrou, de forma inequívoca,
a relação direta do nível de educação com a produtividade e o nível de
renda de um país.
O progresso da
educação brasileira nos últimos anos é inegável. O aumento do número de
estudantes em todos os níveis foi conquista de diversos programas, mas
principalmente do crescimento do investimento em educação.
Em
1995, o Brasil investia 3,7% do PIB em educação, bem abaixo da média da
OCDE (grupo dos países mais desenvolvidos). Hoje, investe 5,2% do PIB,
superior à média de 4,8% da OCDE. Mesmo assim, seguimos com níveis de
aprendizado abaixo da média mundial e de países como México e Chile.
Se
o aumento do número de estudantes e do tempo de estudo é essencial, o
que eleva efetivamente a produtividade é o crescimento do nível geral de
aprendizado, isto é, o aumento do desempenho, medido por testes de
padrão internacional.
O estudo citado e
a experiência internacional mostram que essa evolução requer maior foco
e investimento no ensino fundamental, melhor capacitação dos
professores, métodos de ensino diferentes e abandono de práticas
excessivamente teóricas.
Os países
onde o professor tem o status mais elevado na cultura nacional, como
Cingapura, Coreia do Sul e Finlândia, são os com maior nível de
aprendizado e os que conseguem atrair os melhores alunos para essa
carreira fundamental ao desenvolvimento.
O
ensino teórico, repetitivo e baseado na memória deve ser substituído
pelo ensino interativo, em linha com os jovens de hoje, com uso de
técnicas que favoreçam o entendimento sobretudo de matemática, ciências e
língua portuguesa. Isso requer mais investimento em equipamentos como
computadores, laboratórios, bibliotecas tradicionais e eletrônicas.
É
imprescindível aumentar o tempo no qual os estudantes estão
efetivamente engajados no aprendizado na aula. Ele não passa de 65% do
tempo total nas melhores regiões do Brasil, contra a média de 88% dos
países da pesquisa. O estudo conclui que, se atingir o nível médio do
desempenho educacional dos países pesquisados, o Brasil pode elevar o
PIB em cerca de dois pontos percentuais.
Em
resumo, o grande salto de produtividade do Brasil, capaz de elevar de
forma sustentável a geração de riqueza e reduzir a desigualdade, passa
não só por investimentos em infraestrutura e reformas fundamentais, mas,
principalmente, pelo aumento da eficácia do processo educacional.
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